A base anatômica dos meridianos de acupuntura continua a ser enigmática. Embora muita atenção tenha sido dada às possíveis correlações com a fáscia inter/intramuscular ou menor impedância elétrica, estudos em animais realizados nos últimos 40 anos mostraram que corantes traçadores - especificamente pertecnetato de Tc-99m - injetados em pontos estratégicos da pele geram migrações lineares estreitamente alinhadas com meridianos de acupuntura. Para avaliar se esse fenômeno também é observável em humanos, injetamos dois corantes fluorescentes - fluoresceína sódica e indocianina verde (ICG) - na camada dérmica tanto em pontos de acupuntura (PC5, PC6 e PC7) quanto em um controle sem pontos de acupuntura. Quinze voluntários saudáveis foram incluídos neste estudo. Dos 19 ensaios de fluoresceína injetados no PC6, 15 (79%) foram associados à difusão lenta do corante proximalmente ao longo de um caminho que corresponde estreitamente ao meridiano do pericárdio. Além disso, o corante emergiu e coalesceu proximalmente exatamente no ponto de acupuntura PC3. As injeções de ICG nos pontos de acupuntura PC5, PC6 ou PC7 mostraram uma trajetória semelhante perto do local da injeção, mas divergiram ao migrar proximalmente, não convergindo no ponto de acupuntura PC3. As injeções de qualquer corante em um controle PC6 adjacente não geraram nenhuma via linear notável. Tanto a ultrassonografia quanto o dispositivo de localização de veias não revelaram quaisquer vasos correspondentes (arterial ou venoso) na via traçadora visualizada, mas demonstraram correlações com a fáscia intermuscular.
Desenvolvimento de linhas fluorescentes. Migração da fluoresceína do PC6 em relação ao tempo após a injeção (hora:minuto), conforme mostrado nos cantos inferiores direitos. Na série (a), a migração foi rápida, enquanto na série (b), a migração foi mais lenta. Em (a), uma linha clara foi observada logo aos 10 minutos, com pico aos 60 minutos e depois diminuindo. É digno de nota que em (b), a fluorescência em PC3 precedeu o aparecimento do caminho linear entre PC3 e PC4.
Variações nas rotas migratórias da fluoresceína. Exemplos são fornecidos para revelar variações nas migrações de corantes. (a, b) Os sinais fluorescentes eram fortes e formavam rapidamente trajetórias lineares. Linhas colaterais adicionais foram observadas acompanhando a linha principal associada ao meridiano. (c, d) Linhas tracejadas intermitentes formadas ao longo do meridiano PC dentro de 30 minutos após a injeção. (e) O corante também foi visualizado nos vasos sanguíneos. (f) Trajetos lineares formaram-se lentamente 1 hora após a injeção e eram fracamente visíveis; no entanto, o PC3 apareceu aproximadamente 40 minutos antes que o caminho linear pudesse ser visualizado. Da mesma forma, em outros casos, apenas o PC3 apresentou fluorescência, enquanto nenhum caminho linear foi observado (não incluído aqui). (g, h) Não foram observadas trajetórias lineares ou fluorescência pontual em PC3.
A última observação notável em nosso estudo é a especificidade da via migratória para os pontos de acupuntura. A injeção de qualquer corante em pontos não acupunturais produziu apenas difusão isotrópica local, sem qualquer migração associada para um caminho linear conectado. Além disso, os pontos foram injetados superficialmente na camada intradérmica sem penetração em profundidade subcutânea. De alguma forma, o corante injetado superficialmente nos pontos de acupuntura PC foi capaz de acessar um caminho migratório mais profundo que permitiu a migração do corante proximalmente ao longo do canal do pericárdio. Além disso, o corante ressurgiu superficialmente em PC3, perto do cotovelo, com base no forte sinal fluorescente da fluoresceína, que é conhecido por ser significativamente atenuado em profundidades maiores. Estes resultados revelam a possibilidade de uma rede contígua no antebraço consistindo de um canal mais profundo conectado a pontos de acesso superficiais – muito parecido com o que está sendo proposto na teoria dos meridianos da MTC.
fonte:
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8021474/
Comentários
Postar um comentário